Carivaldo Souza: “fiz além do que era possível”

Carivaldo: "prisão de Marin foi uma surpresa pra mim"
(Foto: Igor Matheus/ Portal Infonet)

Ele ficou 25 anos à frente da Federação Sergipana de Futebol – FSF. Consolidou sua influência no futebol sergipano e na Confederação Brasileira  de Futebol. Fez incontáveis inimigos. Acumulou críticos e admiradores. Ao longo das décadas, virou sinônimo de coronelismo no surrado futebol local. Mas tudo isso tem data para acabar. No próximo dia 12 de janeiro, José Carivaldo Souza, 73 anos, cederá sua cadeira de presidente da FSF para o recém-eleito Milton Dantas – e entra na história do futebol sergipano com todos os seus acertos, erros e controvérsias.

Poucos dias antes de entregar o cargo, o dirigente recebeu o Portal Infonet para uma última conversa como presidente da Federação. E nessa condição, fez política, falou de seu passado, mas também aproveitou para desabafar e distribuir críticas duras. Acompanhe a primeira das duas partes da entrevista exclusiva do Portal com uma das figuras mais polêmicas do futebol local.

Portal Infonet – O que o senhor vai fazer quando encerrar seu mandato?
Carivaldo – Fui convidado pelo presidente da CBF para assumir um cargo lá. Em janeiro vamos conversar e resolver. Dependendo do cargo posso aceitar ou não. Me parece que é para uma assessoria. Mas se for pra ficar direto no Rio de Janeiro, não vou aceitar. Ainda estamos discutindo esse assunto. Fora isso, vou continuar assistindo meus jogos.

"Milton Dantas é um bom administrador" (Foto: Arquivo Portal Infonet)

Portal Infonet – O senhor é muito criticado por ter ficado 25 anos à frente da federação. O que tem a dizer a seus críticos?
Carivaldo – Aqui na federação as eleições são democráticas. Se os clubes me elegeram, é porque acharam que eu estava fazendo uma boa administração. Vou deixar a federação com a consciência tranquila, porque fiz além do que era possível. E como fiz.

Portal Infonet – Entre essas coisas que o senhor fez, quais se destacam?
Carivaldo – Quando assumi, nosso futebol tinha oito ou nove equipes profissionais. Investimos no interior e hoje temos 25. Também colocamos mais seriedade na administração. Quando cheguei, todo campeonato era decidido no tapetão e os juízes não tinham condições de apitar jogos. Colocamos 36 árbitros pra fora no dia seguinte à minha chegada. Com a ajuda do doutor José Ailton, advogado e ex-árbitro, criamos um departamento elogiado pela CBF e por todas as federações. Além disso, só tínhamos um campeonato de amadores. Hoje temos sub-13, sub-15, sub-17 e sub-19, e a federação cobre todas as despesas desses torneios.

Portal Infonet – Qual sua opinião sobre Milton Dantas, próximo presidente da Federação?
Carivaldo – Milton Dantas passou esses quatro anos comigo e é um bom administrador. Mostrou isso no Confiança e acreditamos que que ele fará uma grande administração.

Portal Infonet – Qual a opinião do senhor sobre esses escândalos que brotaram na CBF com Marco Polo Del Nero e José Maria Marin?
Carivaldo – A prisão de Marin, para mim, foi uma grande surpresa. Via ele como uma pessoa séria, mas infelizmente ele fez o que fez. Já sobre o Del Nero até agora não apareceu nada. Não podemos falar. Sabemos que a administração dele é transparente, muito boa. Há promoção de vários cursos e esta é uma gestão que ajuda muito as federações.

Portal Infonet – E o que esses escândalos todos, mesmo os suspeitos, dizem sobre o atual estágio do futebol brasileiro?
Carivaldo – Isso é ruim pra todos. Até mesmo tecnicamente o futebol fica sem credibilidade. Mas… todo mundo quer aparecer em cima do futebol, e tenho fé que teremos administrações melhores e em prol do futebol brasileiro. Quando começamos, a CBF era quebrada. Com Ricardo Teixeira, a seleção brasileira voltou a ser valorizada e a CBF conseguiu ter bom retorno financeiro. Hoje em dia, a condição da Confederação é muito boa. E o presidente procura sempre ajudar as federações, principalmente as pequenas, a apoiar o futebol de várzea e cobrar seriedade e prestação de contas.

Portal Infonet – Como a Federação lida com torneios de baixíssima renda como o estadual da segunda divisão?
Carivaldo – Temos prejuízo. A renda não cobre as despesas, e aí a federação tem que assumir. No campeonato de 2014, tivemos um prejuízo de R$ 180 mil. Esse ano ainda não levantamos, mas deve ter sido ainda maior, mesmo com boas arrecadações em Porto da Folha. Nos anos anteriores os números foram melhores porque o Banese patrocinava a arbitragem da primeira e da segunda divisão. Além disso, na maioria dos jogos o público entra de graça. E em futebol profissional não dá pra ser assim.

Por Igor Matheus

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