Haja dinheiro!

As campanhas políticas vão começar para valer a partir de agosto. Por enquanto, são pequenas mobilizações, visitas aos bairros, participação em solenidades, panfletagem e muita reunião com os candidatos proporcionais. Uma espécie de reconhecimento do terreno para miná-lo de acordo com a sua influência em cada setor. Ninguém ainda quer botar o time em campo, para jogar intensamente todo o período de uma disputa acirrada, embora todos os jogadores já estejam devidamente escalados. O problema é que, se arrancar agora para valer, ninguém terá fôlego para chegar até o final. Faltará oxigênio para manter o mesmo nível de disposição e satisfazer a uma torcida mais exigente. Pois bem: o maior problema das campanhas eleitorais tem sido os recursos. Já se passou o tempo que empresários investiam algum dinheiro nos pleitos eleitorais, na certeza de que isso teria um retorno certo. Alguns ainda repassam alguma coisa, principalmente quem tem vinculação direta com o setor imobiliário. O restante evita o repasse de recursos para as campanhas, porque comprovou que, neste tipo de investimento, não existe mão dupla. Uma campanha para vereador, quando o sujeito já é conhecido, não sai por menos de 800 mil reais. É disso para cima. Quem é santo novo, com disposição de eleger-se, o valor duplica ou triplica. Em termos de proporcionais, é muito nebulosa a vantagem para esse tipo de gasto, porque o salário não dá para cobrir tudo que aplicou na campanha. O problema hoje é a mercantilização do voto. Como se espalhou o fato de que político ganha muito, no meio de suas atribuições, o eleitorado, que recebe um salário de fome, conscientizou-se que o voto tem que ser negociado. Na maioria das vezes a troca do voto é por emprego ou favores. É muito grande o número de pessoas economicamente ativas que estão paralisadas por falta de trabalho. A questão do desemprego hoje é muito grave. A iniciativa privada reclama de uma economia estagnada, embora na região Sul tenha havido um aumento da produção industrial e, conseqüentemente, a necessidade de mais pessoas no mercado de trabalho. Mas no Nordeste, trazendo o problema para Sergipe, a questão do emprego é lamentável porque não existem vagas no setor privado, e, no setor público, tudo acontece de acordo com o “Quem Indica”, do cidadão. Os melhores lugares e salários estão nas mãos de uma elite que domina o Estado e que carrega um sobrenome poderoso nas costas. Fora dessa realidade, é preciso ter padrinhos fortes, influência política ou algum tipo de relacionamento com as ditas autoridades, para conseguir um lugarzinho simples em órgãos públicos importantes ou não. Essa política do emprego fácil para quem tem sobrenome charmoso, não é digna de quem tem responsabilidade com o social, com os excluídos de uma sociedade hipócrita, que sempre fica com a parte maior do bolo. Colocando de lado essa parte do emprego, que é um capítulo vergonhoso da história política de apadrinhamentos, o que mais sai, neste período de campanha eleitoral, é o pagamento da água ou energia atrasadas, ou o botijão de gás que faltou. Nunca a população consome tanto gás de cozinha quanto no período das eleições. Sinal de que comem mais. Também tem a prestação da casa atrasada, escolas dos meninos, enfim, uma relação infernal de coisas, que bota pra quebrar em cima dos candidatos. Em razão disso é que há um esfriamento da campanha, porque está faltando gás nos bolsos de quem disputa um mandato proporcional ou majoritário. Só a partir de meados de agosto é que a coisa vai começar, para que os candidatos tenham condições de suportar tantos compromissos. As candidaturas, em todas as categorias, assemelham-se muito a esses armazéns de secos e molhados, onde sempre tem de tudo para servir ao cidadão. Na maioria das vezes, a mercadoria não é de boa qualidade, mas serve desde que tenha uma aparência boa e seja barata. Nesse caso, lógico que há o inverso. Para o eleitor pouco importa que seja um candidato com capacidade de assumir o mandato e trabalhar para solucionar os problemas mais simples de suas cidades. O importante é que, naquele momento, ele cedeu o botijão, pagou a energia e deu alguns trocados que aliviou a fome. Fazer um trabalho importante, para que o cidadão jamais precise recorrer a alguém, com o objetivo de obter esses produtos essenciais à sua casa, é pouco importante e ninguém bota fé. Afinal, esse tipo de eleitorado já perdeu esperanças de vida melhor, proporcionada por um trabalho político de qualidade e resultados. O mau político é fruto do péssimo eleitor, mas é também o efeito de um tipo de comportamento que provocou a descrença total da população em quem tenta um mandato eleitoral, mesmo que seja um cidadão bem intencionado e que tenha vontade de trabalhar para mudar essas diferenças sociais, as injustiça e a corrupção. SECRETÁRIO O presidente da Confederação de Handebol, Manuel Luiz Oliveira, deve ser indicado para a Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer. Ele já conversou com o governador duas vezes: uma no Palácio, ao lado de Carlos Batalha, e outra no apartamento de João Alves Filho. DEFINITIVO Já é definitivo que o senador Almeida Lima (PDT) não vai indicar um nome para suceder a Genecildo Pereira naquela pasta. Almeida não concordou com a demissão, porque considerou que as informações passadas para o governador e que provocaram a exoneração não foram verdadeiras. IPES Circulou, ontem, informação de que o presidente do Ipes, José Lima, estaria entregando o cargo ao governador João Alves Filho. José Lima é ligado ao senador José Almeida Lima e teria sido por solicitação dele. A informação não chegou a ser confirmada. AUSÊNCIA O presidente regional do PV, Gilmar Carvalho, não compareceu à reunião dos candidatos proporcionais, segunda-feira à noite, com a candidata a prefeita Susana Azevedo. Susana disse para os candidatos a vereador que eles precisavam da liderança maior do partido, para que pudesse fazer legenda e eleger alguns nomes. ENTREGA Gilmar Carvalho disse que entregou a reunião para ser coordenada pela Executiva Municipal, porque se tratava de encontro com vereadores. O deputado verde reafirmou que não quer participar de nenhuma campanha majoritária e vai atender apenas aos proporcionais do seu partido. CONDUÇÃO Gilmar diz que o processo sucessório em Aracaju foi mal conduzido pelo PFL, “que sequer apresentou um vice para fortalecer a chapa”. Segundo Gilmar, se o PFL quisesse dificultar a eleição do prefeito Marcelo Déda, também teria apresentado um candidato a prefeito. SLOGAN A frase “meu prefeito”, que está sendo aproveitado pelo candidato do PT, Marcelo Déda, para a campanha de reeleição, está em várias outras candidaturas. “Meu prefeito é Moreira” desta um outdoor estrategicamente colocado em Niterói. O mesmo slogan é utilizado por um prefeito em Belo Horizonte. PANFLETANDO O prefeito Marcelo Déda (PT), amanheceu o dia, ontem, panfletando na avenida Saneamento. Das 6h30 às 8 horas ele não saiu de lá. Ontem à tarde ele fez a mesma coisa no centro da cidade, principalmente no calçadão, ao lado da militância. JORGE O candidato do PMDB, Jorge Alberto, está fazendo o planejamento gráfico de sua campanha, para ir às ruas para valer. Nestes próximos 15 dias o candidato pemedebista fará uma carreata pelas principais avenidas da cidade, quando colocará o bloco nas ruas. BENEDITO Por exigência do presidente do PMDB, Benedito Figueiredo, o candidato Jorge Alberto vai para os bairros distribuir santinhos e conversar com a população. Benedito acha que os comícios são apenas onerosos e de pouco aproveitamento. É na televisão que o candidato vai mostrar suas metas e programas. IGREJA O candidato a prefeito pelo PPR, Renato Sampaio esteve com o arcebispo de Aracaju, dom Palmeira Lessa, para apresentar linhas do seu programa e colher sugestões da igreja. Renato teve reunião com os vereadores de sua coligação, para pedir empenho e traçar diretrizes de campanha. REELEIÇÃO Matéria publicada pela Folha de São Paulo revela que o PT só não tem receio de perder as eleições em Aracaju, reelegendo prefeitos. Nas sete outras capitais que tem candidato, o Partido dos Trabalhadores está em situação muito difícil junto ao eleitorado. ENGANO Pelo menos dois candidatos a prefeito em Aracaju acham que essa impressão da facilidade de reeleição de Marcelo Déda existe apenas porque a campanha não começou. José Renato, por exemplo, vai federalizar a campanha e mostrar que todas as obras feitas por Marcelo Déda foram de fachada. Não existe nada no campo social. RETORNO O governador João Alves Filho retornou da China ontem à tarde e, no aeroporto, recebeu o comando do Governo da vice Marília Mandarino. Em entrevista à imprensa, o governador relatou os contatos que fez na China, para que empresários daquele país se interessem por Sergipe. Notas ANA LÚCIA A deputada estadual Ana Lúcia (PT) já encaminhou ofício a Diretoria Financeira da Assembléia informando que renuncia o recebimento da verba remuneratória decorrente da convocação extraordinária iniciada no último dia 15. Ana pede que os recursos sejam repassados a entidades sociais. “Tomo esta decisão motivada por convicções políticas e amparada no artigo 69, III do Estatuto do PT, que proíbe aos parlamentares do partido o recebimento de outro tipo de verba que não seja o salário mensal”, afirmou a deputada. POSIÇÃO A deputada Ana Lucia reafirmou sua posição de ser contra essa convocação. Acha que durante há tempo suficiente para se votar em tudo: “não há menor necessidade dessa convocação. Se for o caso, que a Assembléia Legislativa faça a autoconvocação, sem pagar remuneração aos deputados”. Pela convocação extraordinária cada parlamentar deve receber diretamente de salário R$ 19.080,00 divididos em duas parcelas: “é importante que a sociedade fiscalize a aplicação dos recursos. Por isso faço questão de divulgá-los”. HOTEL Evidente que é lamentável o fechamento do Hotel da Ilha, um dos locais mais aprazíveis de Aracaju e que serviria para atrair o turismo de lazer. Se fosse explorado por uma empresa mais arrojada, que aplicasse em sua área de atração, divulgasse mais o hotel e promovesse eventos, talvez nada disso tivesse acontecido. O grande problema é que determinadas empresas privadas acham que o Governo é que tem responsabilidade sobre falta de arrojo para incrementar um hotel tão aprazível. O Hotel da Ilha nunca procurou vender o que oferecia. É fogo O deputado estadual Gilmar Carvalho está usando um boné nas sessões plenárias da convocação extraordinária. O deputado Belivaldo Chagas (PSB) promete à deputada Maria Mendonça (PSDB), que vai participar de algumas manifestações de sua campanha, para a Prefeitura de Itabaiana. Hoje pela manhã os deputados vão se reunir para apreciação da Emenda Constitucional 19, que permitirá, se aprovada, o Governo transferir empresas de economia mista em autarquias. Ainda estão muito frias as campanhas políticas na capital e interior. O pessoal está aguardando tudo para o mês de agosto. Em Canindé do São Francisco os três candidatos continuam com processos de impugnação entre si. É uma grande confusão. Em Lagarto tudo indica que a polarização manterá a tradição entre os saramandaias e os bole-boles. Valmir Monteiro, candidato a prefeito de Lagarto pelo PFL, está tentando aproveitar os desgostosos de Saramandaia e Bole-bole. Ivan Leite e José Nelson estão disputando em Estância, mais a diferença de um para o outro é muito pequena. Os petistas já estão em plena campanha para a reeleição de Lula. É bom lembrar que o PT era contra a reeleição. O deputado Francisco Gualberto (PT) diz que o Governo do Estado é contraditório, porque quer dinheiro do Governo Federal, mas não quer que Sergipe pague imposto à União. O mercado elevou seus prognósticos para a inflação e para o crescimento econômico neste ano, mostrou uma pesquisa do Banco Central. O Banco Santander foi condenado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a pagar multa de R$ 500 mil, por manipulação de preços. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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