Carnaval no clube

Os grandes carnavais dos clubes já haviam se acabado, agora eram os trios, axé e tudo o mais. Mas na época recordada aqui, alguns clubes ainda resistiam e foi num deles que eu encontrei Deolinda, que fora minha namorada, de abraços e afagos, no escurinho dos cinemas. Deolinda, meu amor antigo, se transformara em uma mulher de coxas grossas, de short curtinho, pulando no meio do salão com uma amiga. Balbuciei o nome do meu amor antigo, contornei meu braço na sua cintura, nossos corpos juntos, eu estava de bermuda, de camiseta aberta, quando fui beijar na boca, me disse ligeira: sou casada, tenho dois filhos e arrematou: meu marido está lá embaixo bebendo cerveja com os amigos. Eu também sou casado, mas minha mulher não está aqui. : Venha, vou apresentar meu marido. Pus a mão no seu pescoço e saímos pulando pelo salão e cochichei que queria conversar com ela. Conversar o que?  sorriu. Dei-lhe um beijo na boca. Ela sorria e sorria. Afinal, apresentou o marido, como “um primo distante”, que não via há muito tempo. Apareça lá em casa, disse o marido, bebendo e conversando com os amigos. Disse: vou para o salão. Antes de se sentar no colo do marido, Deolinda soprou-me: espere-me no balcão do bar do salão. Voltei e esperei. Ela voltou sempre sorrindo, com mais pintura nos lábios e nos agarramos pra valer no salão. Recordei nossos tempos, nossos namoros, até que ela ordenou: fique aqui, vou me despedir do meu marido, vou dizer que vou mais cedo pra casa da minha irmã, vê as crianças. Quando retornou, tomamos um táxi rumo a casa dessa irmã. Entrei na casa, e do quarto saiu uma mulher, que vendo Deolinda acompanhada foi para outro cômodo. Entrei no quarto com Deolinda e fizemos amor. Ela dizia que sempre me amou… Depois mandou-me embora, iria acordar a irmã e os filhos para levar para a sua casa.

 

– Foi muito bom, Daniel, meu bem, gostoso. Deu-me um papelzinho com um número de telefone avisando que ligasse sempre pela tarde.

 

Dei um beijo na mulher Deolinda. Na rua, amassei o papel e joguei no chão. Afinal, fora tudo tão bom, mas eu não me chamava Daniel.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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