Perde e ganha

Há uma declaração da Ex-Presidente, Dilma Rousseff, que fala em perdas e ganhos.

Poderia ser um exercício de lógica; uma reflexão absurda, espécie de arribação abstrusa, avoejando um mal pensamento ou um experimento de graça, tornado sem graça, por repetição.

Não vou repeti-la.

Pode ser obtida no Google a título de pesquisa, sobretudo agora que a eleição acabou, vitoriando uns, aposentando outros, perdendo todos, porque agora ninguém sabe quem é o líder, quem inspira a nação.

ZédaRoscaRoida, sem avançar na rota do parafuso, diz que Lula e Bolsonaro, mesmo sem candidatura, foram nesta quadratura os maiores perdedores, só porque pediram votos para inexpressivos proponentes, logrando nenhum sucesso.

Não vejo assim.

Se houve desafio, não foi de Lula nem de Bolsonaro.

Foi mais um desavio da torcida que lhes joga contra; aquele pessoal desafinado enquanto assovio de chabú ou jebu, peido-de-veio detonado pelo rabo, no seu pensar incomodado.

Pena que o papoco externado não lhes mancha a pata, nem lhes torce a trilha.

No rastro de Lula, sobejamente, as urnas mostraram que o PT não está morto, nem se fingiu assim.

Sem invocar desculpas, nem implorar clemência, o PT botou a cara no vídeo, como um bom ou mau incréu, na mesma tecla e no mesmo vício, ousado e abusado, mais do mesmo, como sempre!

Para que ruminar deslize se na luta política a autocrítica é insuficiente e desnecessária para arrefecer contendores?

Não é melhor ressaltar ilusório, sem buscar comparo, ser ele, o PT, o partido de melhor amparo a quem todos acarinha?

Lula, animal político de astúcia própria, mostrou que é ele mesmo.

Sua natureza não iria mudar com o estágio prisional ou penitência de cadeia.

Se atrás das grades não chegou a escrever sua luta como Hitler, Lula saiu do presídio animando os seus liderados, que são muitos, nenhum deles se vitoriando neste 1º turno eleitoral, mas saindo vencedores, mostrando que vivos estão ainda, afiando adagas explícitas para novas refregas.

Poder-se-á dizer também, que além desta face mais viril, ousada e explícita, há outra que implícita se mimetiza em ecdise, trocando a pele e o brilho, mantendo arenga igual, por codicilo.

Se a jararaca sobrevive, o que dizer do PT esporulado em outras siglas, sem passar despercebido, neste 1º turno das eleições majoritárias?

Digo esporulação, porque este é o processo com que larvas, germes e bactérias sobrevivem quando submetidas a condições ambientais desfavoráveis, como escassez de nutrientes ou de água, formando estruturas denominadas esporos ou endósporos por um processo também chamado de esporogênese.

Se o PT não mais empolga a tantos, por ter se tornado fechado e burocrático, pouco aerado à renovação, segundo alguns, em tanto noticiário policial, a falar de julgados e condenados, adiados em transitados e julgados mal explicados, ficou difícil tentar maquiar a sua anquilosante fama de parca honestidade, em tantos safados denunciados no seu entorno, em patronato sem perdão.

Daí a esporulação em outras siglas, no mesmo jeito e no mesmo desbote, para um novo golpe, na mesma rama, o esperto, agora desperto, em novo gênero, nem sobrecomum, nem epiceno, por melhor aceno que virou moda; sem ser cis, mas ser trans, só por desempeno de desengano.

Dito assim, Lula não foi derrotado, vivendo lesto e fagueiro em própria sigla e outras próximas esporuladas.

Enganados ficaram também os que imaginaram uma derrota de Bolsonaro.

Digo desenganados, porque estes infelizes rezam todos os dias invocando uma derrota do Presidente que se assanha com a possibilidade de um novo mandato em 2022.

Perdem tempo querendo derrotá-lo antes da hora, sem achar-lhe um contendor, um cavalo a apostar.

Da vez passada, o cavalo chotão foi o candidato Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, uma contenda mal deglutida ainda.

Agora, dia sim, dia também, essa raça destila sua mágoa, com um Presidente que mais acerta que erra.

Tem gente que não se contempla feliz, sobrevivendo ao Covid e pondo a culpa no Presidente, acusado de demente.

Espera que a Covid o atinja, só porque ele nos diz para não sermos “uns mariquinhas”, deixando-nos vencer pelo vírus e afundar a economia.

E o Presidente os deixa doentes, receitando cloroquina, azitromicina, enumeráveis catequinas, e prossegue em sua caminhada pelo Brasil afora, mesmo denunciado como genocida, desmatador de florestas e sedicioso piromaníaco, nada lhe agarrando por melhor calúnia, nem lhe atrair uma vil pedrada.

Como dizia o francês, Pierre Beaumarchais, em belo passeio : “Caluniai, caluniai; algo sempre fica!”

Quem sabe esse povo não cansa!

Quem espera sempre alcança!

O quê? Ninguém sabe.

A longo prazo seremos o epitáfio esquecido.

Como a eleição que passou.

Vinte e quatro vereadores foram eleitos em Aracaju.

Leio no noticiário que houve uma renovação de 62,5%; altíssima!

Bom para uns, outros não tanto.

Mas, é melhor assim.

Ruim é nunca mudar.

Ruim também é termos que repetir voto num 2º turno.

Por mim já estava resolvido.

Quanto as nossas escolhas, o criador fez três cores fundamentais; vermelho, amarelo e azul.

Cores de bom gosto.

Juntando as três resulta a luz branca, separáveis por refração ótica, o arco-íris vem daí, ou repartidas por difração em fendas estreitas e por interferências ondulatórias, fenômenos menos desvendáveis.

Das cores e do espectro visível, o arco-íris passeia entre o vermelho e o violeta, passando pelo alaranjado, pelo amarelo, pelo verde, pelo azul e pelo anil.

Em tempos transistorizados, os resistores eram codificados com cores; as sete do arco-íris, acrescidas do marrom ou castanho, do branco e do preto, ficando o prateado e o dourado como percentual, 10 a 5% de tolerância.

Em tempos atuais onde tudo se tolera, as cores do arco-celeste são insuficientes para colorir os partidos.

Na futura Câmara de Aracaju, por exemplo, haveria a necessidade de quinze cores distintas para representa-los.

Em tanta dispersão colorida, será isso um bom sinal de unidade em defesa da coletividade?

Coletivos à parte, ao vencedor, Machado de Assis os fez combatentes, disputando um imenso batatal.

Poderia ter sido um mandiocal ou um capinzal, suficiente para os dois, mas nenhum deles o queria compartir.

Assim, eis a frase imortal de Quincas Borba em seu Humanitismo: “Ao vencido, ódio e compaixão: ao vencedor, as batatas!”

Se as batatas só interessam aos vencedores, quem perdeu e quem ganhou, sem disputar; não ganhou e nem perdeu.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais