O município de Porto da Folha, localizado no território do Alto Sertão, região semiárida de Sergipe, a pouco mais de 190km da capital, orgulha-se de ter em sua construção populacional a presença das etnias indígenas, africanas e europeias. Margeado pelo rio São Francisco, conta a história que o povoamento promoveu o acesso dos colonizadores europeus a adentrarem a região, por volta do século XVII. É em setembro que o município comemora a Festa do Vaqueiro e também os índios Xokó realizam a festa de emancipação da terra.
Estritamente agrícola e pesqueira, Porto da Folha traz em sua herança os costumes ligados ao campo e ao rio São Francisco, mesmo estando em terras áridas do sertão brasileiro. Com uma população estimada em 28.735 pessoas (Estimativa IBGE 2017), o nome do município deriva, popularmente, de um porto que existia na região quando os europeus chegaram lá e observaram folhas de plantas nativas que chamaram a atenção por sua beleza e grandiosidade. Ficou então conhecida como Porta das Folhas.
Turisticamente falando, a região possui diversos atrativos à beira do rio São Francisco, a exemplo: a ilha de São Pedro com a aldeia dos índios Xokós; a ilha do Ouro e os povoados Niterói e Mocambo, este último, comunidade quilombola, símbolo de resistência de lutas negras em Sergipe.
A Ilha de São Pedro não fica perto da sede municipal e dista cerca de 220 km de Aracaju, mas é lá onde o olhar do empreender vislumbra uma forte atratividade para o turismo de base comunitária por ser uma região entrecortada por braços do rio São Francisco, abrigando a única aldeia e escola indígena de Sergipe. A beleza da região, em consonância com o bioma de caatinga, além de ruínas de construções jesuíticas e indígenas, confere paisagens de encher os olhos.
Na Ilha, denominada também de Caiçara, está fincada a igreja São Pedro, tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual, além de um cemitério indígena.
A aldeia de índios não costuma receber turistas, mas é sempre bem-vindos os visitantes por lá, principalmente, no início de setembro, quando a comunidade comemora a retomada das terras com muita dança e ritual.
Em uma extensão distante dali, um banco de areia a margem do rio São Francisco denominado de Ilha do Ouro é bastante procurado por visitantes, onde banhar-se nas águas limpas e esverdeadas é uma boa pedida. Há passeios de embarcações a motor e a vela.
A “craibeira” – árvore típicas do sertão e até símbolo do estado vizinho de Alagoas – é bastante encontrada por lá. Também é possível apreciar a vista do povoado Barra do Ipanema e o morro da Ilha dos Prazeres, do lado alagoano.
No Quilombo Mocambo, comunidade rural que teve em sua origem uma história de luta pelo território, o samba de coco é o símbolo da cultura local e há um nascedouro de um projeto de turismo de base comunitária, através do qual os moradores se uniram para trabalhar de forma organizada, oferecendo serviços de hospedagem, alimentação e monitoramento de grupos.
O roteiro preparado com agendamento pela comunidade inclui tour pelo território, tour pela comunidade, momento cultural com apresentação do grupo, contação de histórias por morador sobre as lutas por terra e a formação da comunidade, visita à produção agroecológica, banho no rio São Francisco, almoço, jantar e hospedagem domiciliar.
Na sede municipal, as histórias indígenas e quilombolas dão passagem para a religiosidade da construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, atribuída sem muita contextualização a Maurício de Nassau. Sobre a porta principal há o registro do ano de 1861. Na torre esquerda figura o ano de 1889 e na direita 1932. Na fachada principal destacam-se as torres e o frontão. No interior da igreja existe um painel pintado com cenas do cotidiano da cidade tendo, ao centro, uma pomba esculpida em cimento. A igreja fica na praça principal da cidade e há missas aos domingos, 6h e 19h.
Índios, quilombolas, europeus e o vaqueiro. Caso queira conhecer de pertinho a cultura vaqueirama, a dica é visitar a cidade no final de setembro, quando acontece a Festa do Vaqueiro e há competições de vaquejada e pega de boi no meio da caatinga, além de shows musicais. A Festa do Vaqueiro de Porto da Folha foi criada pelo vaqueiro Antônio Alves de Farias (Tonho de Chico), em 1969, e é tradição na região. Vale a pena viajar na ideia.
Dicas de viagem
Os índios Xokós comemoraram emancipação indígena Xokó em 9 de setembro com a dança do Toré, o consumo da Jurema (bebida sagrada) e muita pintura no corpo à base de jenipapo, água e carvão. Na igreja é realizada uma missa com cânticos indígenas e a fala do pajé, além de entrega de certificados aos ex-caciques, professores da escola indígena, políticos e companheiros dos Xokó. As festividades levam muita gente para a aldeia em dois dias de programação.
A festa do Vaqueiro é tradição na região e acontece no período de 27 a 30 de setembro de 2018 com uma vasta programação cultural.
Para conhecer o povoado Mocambo através da experiência de base comunitária, o agendamento pode ser feito através do número (79) 99162 4805 – Viviane Castro (coordenadora do projeto).
Para chegar em Porto da Folha, pega-se a BR 101 e, logo após, a BR 235, sentido Itabaiana. A SE 414 levará até o município de Ribeirópolis, depois a SE 212 a Nossa Senhora da Glória, até chegar Porto da Folha.
Para o acesso à Ilha de São Pedro da cidade de Porto da Folha, deve-se seguir sentido Monte Alegre até chegar ao povoado Lagoa da Volta. Percorre-se uma estrada de piçarra por mais 30 minutos, mas o desconforto é compensado ao chegar na aldeia.
Uma outra opção é partir de Aracaju pela BR 101 e acessar a BR 235 sentido Itabaiana/ Ribeirópolis/ Nossa Senhora Aparecida/ Nossa Senhora da Glória. Segue-se pela Rota do Sertão e deve-se ter atenção para a entrada da estrada de piçarra, do lado direito para o povoado Niterói e Mocambo. Percorre-se pouco mais de 40km em estrada. Ao chegar à beira do rio, segue-se por via fluvial através do povoado Mocambo.
Gastroterapia
Como o município fica em região árida, as tradições do campo estão presentes na gastronomia, como a galinha de capoeira, o ensopado de carneiro, além de pirão de galinha e de peixe. O camarão de água doce também pode ser bem apreciado nas mesas dos portodafolhenses. Vale a pena pedir um ensopado de galinha, que geralmente acompanha o pirão batido com farinha produzida da mandioca da região.
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