Vendedor agredido prestou depoimento

Jadilson diz que não sabe os nomes dos fiscais por eles estarem sem crachá
O vendedor de coco Jadilson Gomes Mateis esteve na 2ª Delegacia Metropolitana na manhã desta quinta-feira, 14, para prestar depoimento acerca das agressões que sofreu por fiscais da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) na última segunda-feira, 12. Jadilson afirmou que a violência contra ele foi resultado de uma perseguição que já sofre há algum tempo.

Nenhum dos homens estava com crachá, que dificultou a identificação dos envolvidos. Jadilson diz que se pendurou no caminhão da Emsurb [Veja Vídeo] para que não levassem o seu equipamento de trabalho. Apesar de contar com a ajuda de populares que presenciaram o episódio, ele diz que chegou a desmaiar após a tentativa frustrada de resgate do carrinho de coco, que acabou caindo sobre suas pernas.

“Eles arrastaram o caminhão enquanto eu estava pendurado. Depois pararam e começaram a me dar chutes e socos. Foi quando a população que estava por perto começou a tentar me ajudar”, lembra. Ele diz desconhecer os motivos para agressão. “Vou ficar sem poder trabalhar por no mínimo 60 dias por conta dos machucados. O que vou fazer agora? Eu trabalho para manter minha família”, ressaltou.

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Perseguição

Foi a segunda vez que um carrinho onde ele vende coco pelas ruas da capital foi levado pelos fiscais. A primeira ocorreu no dia 28 de dezembro do ano passado, quando ele também já havia prestado queixa. O vendedor disse que tentou recuperá-lo, mas foi informado na sede da Emurb que deveria pagar uma taxa de R$ 100.

“Desde o dia 15 de dezembro que eles vêm me perseguindo. Todo mundo daquela região sabe que eles agridem o pessoal. Tem vendedor que já passou por coisa pior do que eu. Por que eles só levaram meu carrinho? Tem tanto vendedor por ali e n levaram mais ninguém”, protesta.

Emsurb aguarda inquérito

A assessora de imprensa da Emsurb, Mayusane Matsunae, disse que a empresa só tomará um posicionamento após o encerramento do inquérito. Entretanto, ela diz que no mesmo dia do ocorrido a equipe de fiscais envolvida foi à delegacia lavrar um termo de declaração. Todos estavam acompanhados por policiais por ser um procedimento que a empresa exige que se faça em situações que haja aglomeração de pessoas.

Ela revela, entretanto, que a testemunha levada pelos policiais não mencionou ter visto agressão em suas declarações. “De qualquer forma, vamos aguardar o encerramento do inquérito para verificar o que fazer”, disse. Sobre a taxa cobrada do comerciante, ela disse que se trata da ‘Taxa de Ocupação de Espaço Público’, paga por comerciantes em situação regular.

“As equipes atuam para verificar a legalidade dos comerciantes. Se eles não possuem autorização, a gente recomenda que se regularize ou leva imediatamente o equipamento lacrado. Nosso objetivo é apenas organizar os espaços”, explicou.

A assessora ainda ressaltou, inclusive, que a Emsurb conta com um serviço onde qualquer pessoa pode denunciar quaisquer irregularidades nos serviços prestados pelo órgão. “Nós pedimos que diante de qualquer situação incoerente, a spessoas formalizem a denúncia. Sempre garantimos o anonimato, independente de como for prestada a reclamação: por e-mail [emsurb@aracaju.se.gov.br], telefone ou por meio de ofício”, acrescenta.

Investigação

O delegado da 2ª DM, Valter Simas, que ouviu Jadilson, disse que enviou a Emsurb um pedido para que envie à delegacia todos os fiscais que trabalhavam no dia do episódio. “Isso servirá para que o vendedor identifique quem o agrediu e possamos dar prosseguimento ao inquérito”, contou. Se as acusações procederem, os fiscais podem ser enquadrados nos crimes de lesão corporal e abuso de autoridade. A pena é de no máximo 2 anos.

Por Diógenes de Souza e Raquel Almeida

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