O menor estado do Brasil, geograficamente, não condiz com o tamanho de sua grandeza em riquezas naturais, atrativos, potencialidades turistas e conjuntos arquitetônicos e históricos. Apto a receber os mais exigentes visitantes, banhado por cinco rios, um deles, o São Francisco, desenhado por 164km de litoral e entrecortado por biomas que vão desde a restinga litorânea à caatinga, Sergipe é uma agradável surpresa a quem o escolhe como destino.
Os principais atrativos turísticos do Estado podem ser visitados em curtas distâncias partindo da capital, Aracaju, que por si só, já seria um destino a ser visitado. Capital projetada em um tabuleiro de xadrez, bons museus, praias e restaurantes já lhe renderiam um motivo para afivelar a mala e deixar que Sergipe te contagie.
O topônimo Aracaju tem origem tupi e significa Lugar dos Cajueiros, Tempo do Caju, mas, popularmente, ficou conhecida como Cajueiro dos Papagaios.
Os principais atrativos estão localizados entre os bairros Santo Antônio, Industrial, Centro, 13 de Julho, Jardins, Atalaia e Mosqueiro, já na Zona de Expansão da cidade. Da Colina de Santo Antônio se tem uma vista panorâmica do traçado da cidade; o Centro resguarda um complexo de mercados onde a sergipanidade está presente no dia a dia, além de prédios históricos, museus e praças; o bairro 13 de Julho é a área mais verticalizada com prédios modernos e centros comerciais e a Atalaia a parte turística com hotéis, bares, restaurantes, praias e 6km de orla. Eu disse, por si só Aracaju já seria um convite a conhecer o notável Estado de Sergipe, mas aqui indicarei motivos do Estado que só visitando para crer.
Museu e Largo da Gente Sergipana (Aracaju)
A concepção do Museu da Gente Sergipana, sem sombra de dúvida, foi feita para que o visitante interaja com as atrações e se encante facilmente. São mais de dez espaços permanentes, alguns deles Nossos Pratos, Josevende, Seu Repente e Seu Cordel, Nossos Cabras, Nossas Festas, Nossos Leitos, além de espaços gastronômicos, lojas, átrio, biblioteca e midiateca e exposições temporárias. Por conta de tudo isso, o Museu da Gente Sergipana arrebatou a atração do ano do Guia Quatro Rodas em 2013, recebeu o Prêmio O Melhor da Arquitetura em 2012 e o Prêmio Rodrigo de Melo Franco do Iphan em 2013.
Junto a ele fica o recém-inaugurado Largo da Gente Sergipe, com cinco representações gigantes dos folguedos de Sergipe, que mais parecem flutuar nas águas do rio Sergipe.
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Complexo de mercados de Aracaju
Ir a uma cidade e não visitar os mercados é deixar de conhecer o cotidiano do seu povo. Mercados Thales Ferraz, Antônio Franco e Virgínia Franco compõem um conjunto de mercados onde a sergipanidade está presente. Doces de Propriá, rolo de fumo de Lagarto, queijo de Nossa Senhora da Glória, artigos de barro de Santana do São Francisco estão presentes no mercado de artesanato Antônio Franco, com seu relógio ao centro e rodeado por bares e restaurantes.
Do andar superior, tem-se uma vista privilegiada do rio Sergipe, com quatro restaurantes em cada ponta do estabelecimento. Vale a pena curtir e clicar os arcos de cada ponta do mercado, além de ver um pouco do cotidiano daquele espaço. O relógio ao centro dos mercados é um dos cartões-postais da cidade que se verticaliza.
Entre artesanatos e guloseimas, no andar superior do mercado, a culinária criativa e regional com toque baiano e mineiro da chef Meg Lavigne fazem do restaurante Caçarola o mais procurado. Nem pestaneje em pedir o Camarão de Cueca, um dos pratos principais da casa. Como entrada, o sabor regional ganhou nome sofisticado nas Galletes de Macaxeira, tipo uns discos gratinados sem levar adição de nenhum tipo de farinha e com toque gourmet recheado de aratu, caranguejo, carne seca, vegetariana, três queijos.
Entre os mercados Thales Feraz e Antônio Franco, a denominada Passarela das Flores faz jus ao nome por ser lá onde comercializam arranjos e flores naturais. No mercado Thales Ferraz, ervas, artesanato e artigos religiosos, além de gêneros alimentícios tão o tom das vendas. Já no mercado Virgínia Leite Franco (antigo Albano Franco) o dia a dia dos sergipanos estão presentes nas cores e cheiros de frutas, verduras e granjeiros.
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Canindé de São Francisco – Complexo turístico do São Francisco
O mais distante atrativo turístico da capital é o mais visitado do interior de Sergipe e atrai turistas de todo o mundo, ávidos por conhecerem as belezas do rio São Francisco encrustado em uma região semiárida do Nordeste brasileiro. No complexo, o turista conhecerá o 5º maior cânion navegável do mundo, com formações rochosas entre águas esverdeadas e aptas para banho. O cânion do Velho Chico foi palco de várias novelas brasileiras e filmes não por acaso. A região de grande beleza atrai cada vez mais visitantes, com infraestrutura e degustação de bons pratos da culinária são-franciscana e do sertão nordestino.
Há também histórias do Cangaço, com visita à Grota do Angico, onde Lampião, Maria Bonita e parte dos seus companheiros foram mortos em uma emboscada. Curtirão também paisagens de encher os olhos na Hidrelétrica de Xingó, a sétima maior do país em geração de energia e também o Museu de Arqueologia de Xingó e sítios arqueológicos no Vale dos Mestres, com passeios que variam entre o ecoturismo e o turismo de aventura.
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Cidades históricas de São Cristóvão e Laranjeiras
Um conjunto harmonioso de casarões, igrejas, museus, cruzeiro e muita história, encravado no centro da quarta cidade mais antiga do país. Assim é a Praça São Francisco, localizada em São Cristóvão (SE), Patrimônio Mundial da Humanidade. Vale à pena conhecer as igrejas da Matriz, de Nossa Senhora do Carmo, dos Negros, percorrer as seculares ruas da Cidade Alta e conhecer o Convento de São Francisco, o Museu de Arte Sacra, o Museu de Sergipe, além de degustar dos famosos biscoitos carmelitas bricelets e das queijadas, doces famosos na região trazidos pelos portugueses, hoje com sabor bem sergipano. São Cristóvão faz parte da Grande Aracaju, distante poucos 18km.
Em Laranjeiras o visitante vai encontrar casarios dos tempos áureos da cana de açúcar no país. O mercado, os casarões, as igrejas localizadas no centro e na zona rural fazem da cidade um cenário de beleza, tamanha a composição arquitetônica. Não deixe de visitar a igreja de Comandaroba, símbolo da cidade, construída pelos jesuítas em 1734. Há também o Museu Comunitário Filhos de Obá, que conta o primeiro terreiro de candomblé de Sergipe e um dos primeiros de Matriz do Nordeste.
Conhecida por seus grupos folclóricos e prédios históricos do século XVII, considerada Berço da Cultura Popular, intitulada de Atenas Sergipana por suas colinas com pitorescas igrejas ao topo, vale a pena conhece-la em janeiro, quando acontece o Encontro Cultural de Laranjeiras.
Parque Nacional da Serra de Itabaiana e Parque dos Falcões
São quatro principais trilhas que recortam o parque, cada uma delas com um grau de dificuldade e com atrativos diferentes entre corredeiras, cachoeiras, poços e pequenos lagos: da Via Sacra, dos Carros, do Caldeirão e do Paredão.
A trilha da Via Sacra é uma das mais percorridas, considerada de médio grau de dificuldade. Esse percurso ficou famoso por atrair fiéis de várias religiões, que todos os anos vêm até a região pagarem promessas e participar de romarias na Semana Santa.
A dos Carros é uma estrada de mais de 4,5km que passam os veículos de manutenção das torres localizadas no topo da Serra. A estrada é arenosa e pedregosa e não possui parada para banho.
As trilhas do Caldeirão e do Paredão são consideradas de alto grau de dificuldade por beirar um paredão em determinados trechos, também por ter subidas bastante íngremes. É a trilha que tem mais beleza natural. A maioria das trilhas é unificada com o banho no Poço das Moças, quase que localizado na entrada do Parque.
Vale à pena aproveitar e conhecer o Parque dos Falcões, situado no entorno do Parque Nacional da Serra de Itabaiana. O local é único autorizado pelo Ibama no Brasil para recuperação e criação em cativeiro de aves de rapina como falcões, corujas e gaviões.
Percílio é o proprietário que garantirá uma boa estadia na localidade, com suas histórias de recuperação e domesticação de aves, além de fazer a ponte para que os visitantes tenham contato direto com os animais do parque.
Aracaju – Orla Pôr do sol – Ilhas fluviais
Como o nome já diz, é um bom local para se apreciar o pôr do sol, praticar esportes náuticos e somente relaxar na Zona de Expansão de Aracaju. É uma região de ilhas fluviais, com biomas que variam de rio e mar. Diariamente saem passeios que percorrem as croas do Viral, dos Namorados e do Goré. Nesta última, um bar flutuante atrai turistas por se tratar de um estabelecimento bem curioso: funciona de acordo com a maré alta ou baixa. Quando a maré está baixa, bancos de areia se formam através dos quais turistas podem desfrutar de um SPA natural. Na maré alta, a natureza dá seu tom e a dica é fazer os passeios entre manguezais.
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Complexo histórico jesuítico Tejupeba – Itaporanga D’Ájuda
Os jesuítas aportaram em Sergipe em 1575 e lá construíram belezas que podem ser vistas até hoje, a exemplo das igrejas de Nossa Senhora de Comandaroba e Santaninha, em Laranjeiras, e de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Tomar do Geru, além do Complexo Jesuítico Tejupeba.
Situada em uma propriedade particular denominada de fazenda Iolanda, o complexo Tejupeba, em Itaporanga d’Ajuda, é um dos locais pouco explorando turisticamente, mas que vale uma visita por tamanha beleza e ser um marco dessas construções no Estado. Compreende um antigo colégio jesuítico, a casa grande, as senzalas, a igreja, construídos pela Companhia de Jesus em solo sergipano, e fica localizado a cerca de 40 km de Aracaju, às margens da rodovia estadual SE 228, recentemente denominada rodovia Humberto Mandarino (que liga a BR 101 à praia da Caueira). A visita é feita com a autorização dos proprietários, que não refutam em concedê-la.
Praia do Saco/ Ilha da Sogra e Mangue Seco (BA) – Estância
Cidade localizada a poucos 66km da capital, é considerada a Capital Nacional do Barco de Fogo, Berço da Imprensa Sergipana, cidade cultural e musical. O centro histórico que resiste ao tempo proporciona ao visitante sobrados cobertos por azulejos portugueses, além de uma vila operária de interesse histórico e o fabrico dos tradicionais fogos de artifícios, a exemplo do sergipaníssimo barco de fogo.
Na sede municipal, conheça as histórias de Jorge Amado e sua família, além do complexo Santa Cruz, com ruinas da mais importante fábrica de Sergipe no século XIX. Não deixe de conhecer a Praia do Saco, no Litoral Sul, com águas claras, banho de lagoa e passeios de escunas por ilhotas fazem da região um atrativo bastante concorrido nos finais de semana. O passeio pode ser realizado também a outros destinos estrelados como a Ilha da Sogra e o Mangue Seco (BA). Na Lagoa dos Tambaquis, um balneário de águas permanentes, o banho entre os peixes é garantido.
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Dunas de Lagoa Redonda – Pirambu
Dunas, lagoas, manguezais, restingas fluviais e marítimas fazem da localidade umas das principais áreas de conservação ambiental de Sergipe e primeira a sediar o projeto Tamar do país. Localizada no litoral norte de Sergipe, o povoado de Lagoa Redonda, no município de Pirambu, vem atraindo cada vez mais visitantes, que querem conhecer a Curva da Lagoa, a cachoeira do Roncador, a lagoa Azul, o morro da Lucrécia, entre outras belezas. Conheça também a praia de Pirambu.
Para se chegar até lá partindo de Aracaju, percorre-se a BR 101 até o trevo de acesso a Japaratuba, no sentido Norte da rodovia. De lá, são pouco mais de 16km.
Foz do São Francisco – Brejo Grande
Considerado uma das mais belas paisagens de Sergipe, a foz do São Francisco ficou famosa por ser lá cenários de diversos filmes, a exemplo do “Se Deus é Brasileiro”. Mas não é por acaso que a região atrai milhares de turistas. A paisagem de dunas marítimas com ecossistemas fluviais, além do simbólico farol do Cabeço são atrações que enchem os olhos dos visitantes. Vale a pena visitar no final de semana e curtir um pouco do que o Velho Chico oferece na divisa de Sergipe com Alagoas. Em Brejo Grande há pousadas com infraestrutura à beira-rio, que oferecem um bom conforto para os visitantes que querem pernoitar.
Um dos destinos mais estrelados de Sergipe, o cânion de Xingó é um paredão que corta as águas esverdeadas do rio São Francisco e que atrai milhares de turistas durante todo o ano, em busca das paisagens exuberantes do sertão sergipano, aliado as águas do Velho Chico. Não deixe de visitar o Paraíso do Talhado, o Mirante da Chesf, de fazer uma visita a vizinha Piranhas (AL), bem como a fazenda Mundo Novo e de conhecer a feira de Canindé do São Francisco. Não deixe de visitar também o Cangaço Eco Parque e fazer a trilha que leva a Grota do Angico.
Consulte um agente de viagem para saber os horários dos passeios para o cânion, além de outros passeios disponíveis na região, que podem partir em sistema bate e volta da capital, Aracaju.
Festa de Bom Jesus em Propriá e praia da Adutora
No último domingo de janeiro a cidade ribeirinha de Propriá, distante cerca de 98km de Aracaju pela BR 101, promove uma das maiores manifestações religiosas sobre as águas do rio São Francisco. Dezenas de embarcações partem do cais da cidade em cortejo para saldar o Bom Jesus dos Navegantes. A tradição é secular e mantida pelos ribeirinhos como uma devoção. Quando o santo passa perto das margens da cidade, é saldado com fogos e papel picado.
Há também passeios de barco pelo rio São Francisco, banho de rio e gastronomia são-franciscana que levam os sergipanos a visitarem a praia da Adutora, localizada entre os municípios de Telha e Propriá. A infraestrutura de bares rústicos é compensada com a bela vista do São Francisco. Não deixe de comer o camarão de água doce cozido ou pratos à base de tilápia ou surubim. Na cidade também há bons restaurantes, hotéis e pousadas. Na própria localidade, alugam-se barcos para passeio. Conheça também a catedral de Propriá e a feira livre local.
Rota do Imperador – Neópolis
A Sua Majestade, D. Pedro II, em seus registros, documentou sua viagem pelo rio São Francisco na metade do século XIX, passando por terras sergipanas, alagoanas e baianas. As curiosidades, as construções, as lendas e as histórias caíram no imaginário popular e hoje são ingredientes a mais para que turistas, curiosos e pesquisadores cada vez mais procurem as belezas do Baixo São Francisco. A Ilhota Rio Belo localiza-se entre os estados de Sergipe e Alagoas, no município Neópolis (SE), distante 121km da capital, Aracaju.
Graças a esse misto de história e paisagem natural, um catamarã zarpa e entre braços do rio São Francisco, a vegetação fluvial, os povoados, as plantações dos perímetros irrigados ora chamam atenção, ora dão uma pausa para a primeira parada: a ilhota Rio Belo.
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Pontal e Terra Caída – Indiaroba
Os dois povoados – Pontal e Terra Caída – se situam no litoral sul de Sergipe, em Indiaroba, a poucos 100km da capital. A dica é apreciar das belas e poéticas paisagens à beira dos rios Piauí (SE) e Real (BA), e desfrutar de passeios por manguezais, restinga de Mata Atlântica e biomas de praia. A rusticidade e a pouca infraestrutura não são empecilhos para se conhecer um dos destinos mais agradáveis e bonitos do litoral Sul de Sergipe. As paisagens bucólicas à beira-rio dão o tom do passeio, com locais bons para pesca e rios balneáveis e aptos para um passeio entre manguezais. Não é por menos que os personagens e as crenças dos romances de Jorge Amado são emolduradas pelas belezas da região.
Uma das frutas nativas de Sergipe, a mangaba está presente em doces, caldos, sorvetes e principalmente o suco da fruta. Não deixe de saboreá-la in natura nos mercados centrais de Aracaju e feira livre do interior do Estado. Nas sorveterias da orla da praia de Atalaia, o sabor doce e ao mesmo tempo travoso da fruta pode ganhar coberturas e incrementos.
Já que a orla convida para o passeio, a tradição de trocar o garfo e a faca pelo martelinho para quebrar caranguejo é lei em Sergipe. Ensopado, catado na palha, como recheio de pastel ou simplesmente ao vinagrete, o caranguejo é uma boa pedida.
Fotos: Silvio Oliveira
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